“Recebemos dezenas de perguntas, e elas são ecos de uma mesma dor: a dificuldade de lidar com a Sombra que dança, invisível, entre dois corações. Selecionei duas, que tocam no cerne desta questão. Minhas respostas não são uma solução definitiva; são um convite para olhar para esses desafios através de uma nova lente. Vamos juntos.”
Pergunta 1: “Por que eu sempre me atraio pelo mesmo tipo de parceiro indisponível? Eu sei que vai dar errado, mas quando vejo, já estou de novo. O que há de errado comigo?”
Sinta minha reverência pela sua coragem em trazer esta pergunta. Estar preso em um ciclo de repetição no amor é uma das dores mais frustrantes. A primeira coisa a saber é: não há nada de “errado” com você. Há algo a ser visto.
Sua bússola interna não está quebrada; ela está apenas leal a um mapa antigo, desenhado na infância, onde o amor talvez estivesse associado à indisponibilidade. Inconscientemente, você retorna à cena do crime, não para sofrer, mas para, desta vez, conseguir se salvar. Sua Sombra repete o padrão na esperança de que você finalmente pare para curar a ferida original.
Prática: Convido você a uma prática de auto-acolhimento. Quando sentir a dor da indisponibilidade do outro, pause. Coloque a mão no seu próprio coração e diga silenciosamente: “Eu estou aqui. Eu não vou te abandonar.” Você começa a se tornar a mãe e o pai daquela criança interior que ainda espera na porta.
Essa dinâmica é o coração do que chamamos de O Yoga da Relação.
Pergunta 2: “A desorganização do meu marido me tira do sério. É uma raiva desproporcional. Sei que não é sobre as meias no chão, mas não consigo controlar. O que é isso?”
Esta pergunta não é sobre meias. É sobre liberdade. E sua auto-observação já é o primeiro passo para reivindicá-la.
Você descreve a anatomia perfeita de uma projeção da Sombra. Provavelmente, você não se permite o mínimo de “caos” ou “imperfeição”. Sua autocrítica é feroz. Quando você vê a “bagunça” dele, a sua parte reprimida — a que anseia por relaxar — grita em protesto. Ele não é a causa da sua prisão; ele é apenas o carcereiro que, sem saber, te mostra as grades que você mesma construiu.
Prática: Um pequeno e delicioso ato de rebelião contra sua tirana interna. Deixe a louça na pia por uma noite. Entregue um trabalho “bom o suficiente”. Sinta no corpo o que acontece quando você solta um milímetro do controle.
Sua raiva, neste caso, é uma guardiã que aponta para uma necessidade sua, um tema que aprofundamos na integração da Sombra.
“Como vemos, as perguntas são muitas, mas apontam para a mesma direção. O relacionamento não é a doença; é o diagnóstico. É o laboratório sagrado onde nossas partes não curadas vêm à luz para, finalmente, serem amadas. Que possamos usar essa luz não para culpar o outro, mas para iluminar a nós mesmos.”