Nossa cultura nos prometeu um verão perpétuo: crescimento constante, produtividade infinita. E nós acreditamos. Nós admiramos as estações da natureza, mas exigimos de nós mesmos um sol que nunca se põe.
E assim, quando nosso inverno inevitavelmente chega — com seu cansaço, seu recolhimento — nós o diagnosticamos como uma falha. Chamamos de burnout, de depressão. E se não for uma falha? E se for apenas… o inverno?
Nós não somos máquinas. Somos natureza. E nossa energia vital é cíclica. Honrar as estações da alma é o caminho para sair da exaustão e entrar na dança da vida real.
A Primavera: A Tecnologia do Broto

- Como se sente: O degelo. A terra úmida. Uma curiosidade que te puxa para fora, novas ideias, uma energia que sobe pelos pés.
- O trabalho desta estação: Plantar. É o momento de iniciar o curso, de marcar o café, de pesquisar o novo. A energia é para começar.
- Como honrá-la: Permita-se ser um iniciante. Diga “sim”.
O Verão: A Tecnologia do Sol Pleno

- Como se sente: A floração. Confiança, magnetismo, o desejo de se conectar e se mostrar ao mundo. A energia transborda.
- O trabalho desta estação: Florescer. É o momento de lançar o projeto, de liderar a reunião, de celebrar, de estar visível.
- Como honrá-la: Ocupe seu espaço. Compartilhe seus dons. Não se esconda.
O Outono: A Tecnologia da Colheita Sábia

- Como se sente: O crepúsculo. A luz dourada que revela o que é essencial. A paciência com o que é falso se esgota. Uma necessidade de limpar e finalizar.
- O trabalho desta estação: Colher e Podar. É hora de finalizar projetos, colher os frutos e, crucialmente, de podar os galhos secos: soltar hábitos, relações e tarefas que já não te nutrem.
- Como honrá-la: Faça listas. Organize os armários. Tenha as conversas difíceis. Agradeça e se despeça.
O Inverno: A Tecnologia do Vazio Fértil

- Como se sente: Cansaço, necessidade de solidão. A mente se aquieta e se torna sonhadora. É a noite escura da alma, que a cultura teme, mas que a natureza sabe ser o útero de toda a criação. É a versão macro do platô no caminho do autoconhecimento.
- O trabalho desta estação: Descansar. Render-se. Não fazer. É no silêncio que o sistema nervoso se repara e que a energia da Kundalini se acumula na base, no repouso.
- Como honrá-la: Cancele compromissos. Durma. Sonhe. Confie que o vazio não é estéril. É fértil.
Honrar suas estações é um ato revolucionário. É parar de lutar contra si mesmo e começar a dançar com a sua própria natureza, uma dança que, para as mulheres, muitas vezes se manifesta de forma ainda mais clara na sabedoria do seu ciclo.
A pergunta deixa de ser “como posso ser mais produtivo?”. E se torna: “Em qual estação eu estou agora, e qual é a sabedoria que esta estação me pede?”.
A resposta é o segredo de uma vida que não apenas produz, mas que, de fato, pulsa.