Antes de tudo, esqueça homens e mulheres. Esqueça gênero. Vamos falar de duas forças primordiais, duas qualidades sagradas que habitam cada alma. Para não nos perdermos em estereótipos, vamos chamá-las pelo que elas são: O Pilar e O Rio.
O Pilar é a energia da consciência, da presença, da estrutura. É a montanha. Na mitologia tântrica, é Shiva. O Rio é a energia do fluxo, da criação, da emoção. É o oceano. Na mitologia tântrica, é Shakti.
A inteireza não está em escolher um. Está em aprender a dança entre os dois.
Conhecendo o Pilar (A Consciência da Montanha)

O Pilar é a sua capacidade de estar presente, imóvel em meio ao caos. É a consciência-testemunha que observa seus pensamentos sem se afogar neles. É a estrutura que dá forma à criatividade. É a margem que dá ao rio sua canção.
- Um Pilar Saudável é foco, discernimento, segurança interna.
- Na Sombra, ele não é mais margem, é represa. É a rigidez que se disfarça de força, o controle, a racionalidade fria que teme o sentir.
Conhecendo o Rio (A Energia do Oceano)

O Rio é sua força vital. É a torrente de emoções, a cachoeira da criatividade, o fluxo do desejo. É a paixão que te move. É a água que, com sua suavidade, contorna e dissolve a rocha.
- Um Rio Saudável é fluidez, adaptabilidade, sensualidade, intuição.
- Na Sombra, ele não é mais rio, é inundação. É o caos emocional sem direção, a reatividade que afoga a paisagem.
A Dança Sagrada: Quando a Montanha Acolhe o Rio
A jornada tântrica, assim como o processo de individuação de Jung, é sobre a união sagrada destes dois. A verdadeira magia acontece quando a sua Presença (Pilar) se torna o leito sagrado para que sua Energia (Rio) possa correr com poder e propósito.
Como isso se parece na prática?
- É sentir a torrente da raiva (O Rio) e, em vez de deixar que ela inunde, usar a Presença da montanha (O Pilar) para canalizá-la em um limite inabalável.
- É ter uma ideia criativa brilhante (O Rio) e usar o foco da montanha (O Pilar) para transformá-la em um projeto real no mundo.
- É permitir-se sentir a profunda tristeza (O Rio), enquanto uma parte de você (O Pilar) permanece como uma testemunha compassiva, sabendo que você não é a água, mas o espaço onde ela flui.
A inteireza não é ser metade rocha, metade água. É ser 100% a montanha que pode testemunhar qualquer tempestade, e 100% o rio que pode contornar qualquer obstáculo. É ter a sabedoria para saber qual deles a vida te pede a cada momento.
Sua prática de autoconhecimento, seu trabalho com os chakras, tudo isso tem um objetivo final: te ensinar os passos desta dança. Para que você pare de lutar contra metade do seu ser e se torne, finalmente, a paisagem inteira que você nasceu para ser.