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O Platô: O Que Fazer Quando a Jornada Fica Silenciosa

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Você começou. Meditou, respirou, sentiu. E foi um universo de novas cores. Mas, agora… o silêncio.

Você senta para praticar e a paisagem é uma planície branca e sem fim. Os insights secaram. A empolgação deu lugar a uma quietude que sua mente insiste em chamar de tédio. E ela sussurra: “Acabou? É só isso? Estou fazendo errado?”.

Bem-vindo ao deserto. E parabéns. Você chegou na parte mais fértil de toda a jornada.

O Vício em Picos e o Inverno da Alma

Nossa cultura nos viciou em picos de experiência, na próxima dose de “evolução”. Mas o que sua mente chama de estagnação, seu corpo chama de integração.

Pense em uma árvore. Na primavera, ela é um espetáculo. Mas é no aparente vazio do inverno que suas raízes se aprofundam, absorvendo os nutrientes do solo escuro. É o trabalho invisível que garante a exuberância da próxima florada.

O platô é o inverno da sua alma. O progresso não parou. Ele apenas foi para o subsolo.

A Prática no Altar da Constância

O platô não é um problema a ser resolvido. É um altar a ser honrado. É o momento de trocar a busca pela repetição sagrada.

1. A Curiosidade Sutil

Pare de caçar terremotos. Apaixone-se pela poeira que dança no raio de sol. Em sua prática, leve sua curiosidade para a sensação mais delicada que puder encontrar: o contato do seu pé esquerdo com o chão, a pulsação quase imperceptível em seu polegar. A maestria vive nos detalhes.

2. A Repetição como Devoção

Para a mente, a repetição da sua prática diária é tédio. Para o corpo, é uma promessa de segurança. Cada vez que você repete seu ritual, você diz ao seu sistema nervoso: “Eu estou aqui. Eu não vou embora.” É este ato de devoção que pacientemente prepara a sua “fiação” para que a energia da vida, a tal Kundalini, possa fluir com mais intensidade e segurança.

3. A Sabedoria do “Não Saber”

A mente quer o mapa, o progresso, a certeza. A alma floresce no mistério. A maior prática, agora, é relaxar na incerteza. É soltar as rédeas e confiar que as raízes estão crescendo no escuro. A transformação raramente acontece quando estamos olhando. Acontece quando finalmente paramos de tentar controlar.

    O platô te faz a pergunta essencial: “Você veio pelo fogo de artifício, ou veio para aprender a amar a noite escura?”.

    Não amaldiçoe seu inverno. É nele que a força para a sua próxima primavera está sendo forjada, em silêncio.

    Continue regando suas raízes. A floração virá, não porque você a forçou, mas porque você teve a coragem de permanecer quando, aparentemente, nada acontecia.

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